terça-feira, 3 de novembro de 2009

"Normalidade"


Somos tão ilusoriamente obcecados pela “normalidade” como se, de facto, a “normalidade” existisse… O que é a “normalidade”? Respondam-me, se sois capazes….
Escuto! Paro! Vejo!
Concentro-me na “normalidade” dos Homens… Não passamos, assim o constato, de complexos físico-químicos, de um conjunto de átomos e de moléculas, organizados de uma determinada forma, específica. Aí está, a nossa “normalidade”. E o resto? O resto… são meras variações de uma fórmula comum. É simples, não é?
“Atroz”: é o adjectivo que devemos utilizar para quem é incapaz de percepcionar a diferença, dentro da “normalidade”.

Isabel Rosete
Não quero que prantem a minha morte. Odeio essas lágrimas mordidas que nada significam. Esses meros pedaços de nada das mentes que sempre me ultrajaram e nunca me acudiram.
Glorifiquem, venerem, os Pensamentos que tive e nunca escrevi. Passados quarenta e dois anos, desta minha existência conturbada, é o que vos peço.
Quantos erros não cometi? Quantos, ainda, não irei cometer?
Sou a réplica perfeita de um alma que chora, por não ser compreendida. Não tenho a paz perpétua. Não deixei outros opúsculos. Apenas, alguns pensamentos dispersos. A quem os ler, resta encontrar a lógica, o sentido de tantos retalhos que, nem sempre, fui capaz de unir…
O timbre do tédio regista-se na minha mente, onde já não cabe mais um ínfimo resquício de esperança.
Como me revejo em Sócrates e nessa ideia da Morte como um Bem, Supremo….

Isabel Rosete