quinta-feira, 23 de junho de 2011

Pensamentos Dispersos, 12/03/08 , por Isabel Rosete


- A solidão das multidões não me apavora. Preservo a minha identidade.

- A Alma do Mundo espalha-se por cada um de nós.



- Há um Espírito errante que nos percorre,

Cobre as nossas faces desprotegidas,

Invade a nossa morada,

Nunca a salvo de qualquer perigo.



- Por entre a seiva da Vida

Corre o esgoto

Das mentes pálidas,

A podridão do horror,

O enfado do tédio,

A escuridão, cega e surda,

Das franjas deixadas ela Inveja.



- Despimo-nos do tédio,

Enfrentamos as multidões dispersas

Invisíveis aos olhos maledicentes

Das bocas preservas.

Só agouros pronunciam

Em nome do desespero egoísta

Que lhes corrói as entranhas.

Malditas!



- Das Fontes

Já não jorram mais

Àguas cristalinas;


Dos Mares

Já não ecoam mais

Os cantos das sereias;


Das Estrelas

Já não renasce mais

O brilho duradouro;


Da Terra

Já não desponta mais

A fonte da Salvação;


Da Humanidade

Já não eclode mais

O grito do perdão.



- O grito das Aves migratórias

Ensurdece os meus ouvidos.

Anunciam Tempestade,

Morte, Terror, Guerra...


- Amamos a paz dos desertos, onde encontramos a tranquilidade. Aí permanecemos, nessa espécie de refúgio do Mundo, a salvo dos olhares alheios que nos penetram a alma; a salvo das mãos dos outros, que nos apontam para o rosto; a salvo das mentes incriminatórias, que só vêem o visível; a salvo dos espíritos perversos que a verdade atrofiam.


- O mar que me deu a paz

É o mesmo que me revolta as entranhas

Nas escuras noites de trovoada

Que sob o meu tecto desfalecem.



- Caminho pelas areias infinitas

Das praias desertas.

Nada se ouve.

Nada se sente.


O luar incandesce os meus olhos

Míopes perante a vastidão da linha

Do horizonte, que não vislumbro mais.


A minha alma esvaiu-se

Na solidão das marés

Que vão e vêm.


Nunca se fixam,

Nunca deixam os mesmos rastos,

Nunca permanecem

No mesmo lugar.


Trazem um tempo outro,

Anunciam outros espaços,

Outras vidas encobertas

Pelas águas

No seu incessante peregrinar.


Este é o meu Mar salgado

Que em açúcar transformou o seu sal.

Este é o meu Mar salgado

Onde reina a glória merecida

Dos nobres feitos dos Homens.


IR

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Sol que brilhas e iluminas a minha alma, IR


Sol que brilhas e iluminas a minha alma

Aqueces o meu corpo, tão só.

Como te amo na tua natural formosura.

És perfeito, Astro dos Astros,

Imensamente grandioso.

Por favor não te extingas.

Que faria da vida sem a tua luz

E sem o teu calor?


A tua majestade, aí altivo, nem ao meu alcance,

Nem ao de ninguém – enobrece-me a mente

Que, pouco a pouco, se torna clara.


Libertam-se ideias, tão brilhantes como tu,

Reflexos translúcidos nas águas

Onde te derramas, qual espelho infinito

Dos labirintos intra-mundanos que se

Espraiam nessas águas em movimento

Perpétuo; águas peregrinas que nos

Conduzem á confluência de todos os Mares.

Aí, os espelhos intersectam-se

E a visão dos mundos é imensa.


Tudo se mostra na frente e no verso.

Já não há véus. Já não há sombras.

Apenas a Verdade em todos

Os seus reflexos, desveladamente diáfanos.


Espera! Não te vás, ainda!


Preciso de continuar a contemplar-te

Para manter a minha respiração fluída;

Preciso da tua presença para que as minhas

Mãos continuem a escrever;

Preciso da tua companhia para disfarçar

Este meu estar só.


Espera! Não te vás, ainda!
IR, Jardim Oudinot, 12/08/2010