terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Pensamentos dispersos, por Isabel Rosete
24/01/08

Pensar um mundo que não é meu? Para quê? Interrogações existenciais corem, em cadeia, por este meu espírito em constante devir. Não sossega perante nada, nem ninguém, nem mesmo quando os olhos se fecham e procuram dormir. Sempre observador, nada lhe escapa. Tudo o move ao permanente estado de questionação, de dúvida por vezes céptica, por vezes metódica , de crítica, de meditação.

Nunca se acomoda, este meu pensamento. Vive em rebeldia perene. Nunca está satisfeito, nunca entra em estado de serenidade, mesmo que a paz nele assome, durante escassos instantes. Não pára! Não pára! Não se acomoda! Não se acomoda!

Vê sempre um “porquê” na transparência das coisas, desde as mais simples e singelas, até às mais complexas, conflituosas ou dilemáticas.

Os mares tingem-se de Vermelho.

Não têm mais o Verde da Esperança,

Nem o Azul dos horizontes Infinitos

E livres.

Sobre os Homens praguejam!

Aos Homens imploram o regresso

Do Sal imaculado que a Vida e a Morte

Conserva e purifica.

Isabel Rosete

Topologias da Verdade e da Poesia em Miguel Reale

Por: Isabel Rosete

Por entre as mais lúcidas esferas do Pensamento, nasce Miguel Reale, o Poeta, cuja voz ergue a Verdade, a Luz Interior, o Amor, a Noite, o Tempo e a Memória. Também o Mistério, a Inspiração, a Miragem e a Vida Oculta, em muitas outras faces: as do Pluralismo, da Liberdade, das expressões múltiplas da Cultura, da Revolução e de uma certa Democracia em devir perpétuo ético e estético; as do conflito das ideologias e as do Homem como auto-consciência, na mais plena significação da sua Ek-sistência.

Na poesia de Miguel Reale prevalece o elemento afectivo, culminando a experiência estética, que lhe é peculiar, na Imagem Absoluta. O racional também se presentifica, mas apenas num cenário de imagens diversas, plantadas na perplexidade do primordial, circunscritas numa sombra enigmática onde se des-vela a ascendência do imagético, a qual o aparta dessa compreensão redutora da Poesia concebida enquanto mera forma extrínseca da linguagem, com total suprimento do seu valor mimético e expressivo.

Porque sabe, como poucos, sonhar com as palavras, fazê-las sonhar e pensar, o poeta embrenha-se na selva dos sentidos/à procura de um espelho/que (lhe) ofertasse paz e poesia/em ninho de tempo oculto. Poesia é verdade e é miragem/surgindo como forma de beleza/alheia à conjetura ou à certeza.

Pensamentos Dispersos

16/01/08,
Isabel Rosete


Escrevo até à exaustão do sentir, em cada noite que permaneço em estado de alerta. Acompanham-me as estrelas, a Lua, a chuva, as tempestades, o silêncio, que a paz me traz e a minha lucidez engrandece. As palavras sempre fluem soltas, dispersas ou conjugadas.

O sono teima em não chegar perante essa ânsia incontrolável do pensamento que quer ser dito, da voz que se quer erguer no silêncio dos orbes celestes.

Tudo é fonte de inspiração. Tudo impele ao mais simples e ao mais complexo Dizer. Todo o pensado deve ser dito. Tem que ser dito.

O pensamento comanda a mão que, tremulamente, escreve. Um pensamento redondo que jamais se quer conter no seio dos limites esferoidais da circunferência que o envolve. As ideias rodopiam. Tornam-se visíveis. Mostram-se ao Mundo.

O meu pensamento não quer calar mais a sua voz. Grita, expande-se, exterioriza-se. Com outros pensamentos se pretende entre-cruzar; recolher a mais nobre seiva de outras mentes, monadologicamanente conjugadas, com portas e janelas viradas para o Aberto do esplendor da Criação.

O Pensamento é a mais preciosa lente de observação do Mundo. Em si mesmo, todos os pormenores pode acolher. Dentro de si, todas as essências pode recolher

Sem limites, navega o meu pensamento. Sempre na ânsia de percorrer todos os mundos possíveis, determinado por um sentido universal e universalizante. Quer abarcar o Todo, sem deixar nada de fora.

Aos insondáveis mistérios se dirige com uma curiosidade infinita. Os segredos do Universo quer desvendar, não para o manipular, mas para o salvaguardar da originariedade que ainda lhe resta.

Tudo dentro de mim. Nada fora de mim. Eis o lema que, sempre, me persegue. É magalómano? Sem dúvida!

Não se desfaz no quebrar das ondas, nem na alternância das marés. Permanece, aí, convicto da sua missão: observar e dizer o Mundo, ritmicamente, sem má fé, sem pré-conceitos. Com racionalidade, sensatez e originalidade.