quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Se o Mundo se extinguisse num só dia,
Quantos remorsos acalentaríamos,
Quantas mágoas surgiriam,
Quantas dores se re- erguiriam?


Somos a exemplificação
Do pecado e da virtude,
O espelho,
Vivo,
De todas as desgraças
E de todas as venturas.

Cada um,
A seu modo,
É a sombra especular do seu mundo,
Que é o mundo de todos os outros.

Isabel Rosete
Que os egoístas
Se enclausurem
No seu próprio mundo;

Que os lunáticos
Sejam vencidos
Pelo princípio da realidade;

Que os hipócritas
Desfaleçam
Pelo rosto alvo
Da transparência…

Isabel Rosete
Os nossos Mundos
Encontram-se e des-encontram-se
No des-amor.

È a eterna luta
De todos os amantes
No acordo e des-acordo
Das suas paixões,
Inconscientes.

Libinalmente,
Unem-se.
Racionalmente,
Separam-se.

Regressa, ciclicamente, o perene conflito
Dos sentidos e da razão,
Presente,
Em todos os amores.

Isabel Rosete
O tempo passa
Na inconstância
Dos desejos moribundos,
Sem par.

Balança
E balança…
Num extenso caminho,
Sem fim visível.

Aí se ergue a ameaça
Da paixão avassaladora,
Que atormenta e move o amor.

Isabel Rosete



Não há espeços vazios
Na escuridão intra-estrelar.
Apenas pedaços de céus
Envelhecidos
Pela humanidade emturpecidos
No reino caótico
Do Tudo e do Nada.

Isabel Rosete
Não há espaços abertos
Na escuridão das mentes insanas.

Todos os círculos se fecham,
Todos os segmentos de recta têm o seu fim,
Imprevisível e indeterminado.
Todos os ângulos são obtusos.
O Aberto já não é mais possível.

O mundo ruiu
No fechamento do seu próprio círculo,
Redondo,
Sempre redondo…

Isabel Rosete
Este mundo empoeirado,
Quadrado,
Obtuso,
Esmaga-me o Espírito.

O que temeis
Perversas gentes?
A verdade que vos arruína
A alma encoberta?

A mentira
Com que profanais
Os espaços sagrados?

A hipocrisia,
Agora,
Des-velada?

A cobardia
Persegue-vos.
A menoridade,
Das vossas mentes dementes,
Atrofiadas,
Claustrofóbicas,
Cultivada em terreno
Nem sempre infértil,
Atormenta-vos,
Até ao derradeiro momento
Da vossa existência,
Até ao dia juízo final.

Mesmo assim,
Não tendes remorsos?
Mesmo assim,
A consciência não vos pesa?

Claro que não!
Porque já não tendes consciência,
Porque já não sabeis o que são os remorsos.

Isabel Rosete
A Paz está podre!
E o mundo abre-se-nos
Na escuridão infinita
De um pálido sorriso
Em marés de desassombro.

As gotas da chuva delicada
Que a Terra regam e fortificam,
O sal do mar salgado
De doce amparo,
Tornam-se uma benção.

Do Céu,
Ainda nos chega
A escassa luz
Que nos alumia.
Mas, o Sol não brilha mais,
Nesse amarelo reluzente
Que, outrora, espalhava todo o seu esplendor.

Isabel Rosete