domingo, 25 de outubro de 2009

Um dia de Sol resplandece
Por entre as águas cristalinas
Tão puras,
Tão imortais,
Tão ancestrais quanto o próprio Homem.

Mas não há Sol
Que ilumine as mentes escuras
Travadas pelas trevas da
Ignorância!

Mas não há Sol
Que entre pelas vidraças,
Húmidas e tristes,
Das casas cinzentas
Votadas ao abandono
Pela (des)habitação do Humano!

Mas não há Sol
Que acalente
Os corações jazidos
Pelo ódio ainda não arrefecido,
Pela vingança irreflectida
Dos espíritos acobardados!

Isabel Rosete
Se a minha Alma falasse
Não se entenderia com a linguagem dos Homens,
Cegos e surdos,
Em veredas (des)amparados.

Pedaços de mim lançam-se por esse Mundo incógnito,
Soltos,
Completamente soltos,
Como se o puzzle a que um dia pertenceram
Se tivesse desfeito, para sempre,
Na anarquia caótica dessas gentes que escondem
Os sorrisos de gratidão,
As lágrimas de felicidade,
Os aplausos, a um só ritmo,
Que não soam mais nos timbres da harmonia
Dos tambores da Paz e da Justiça
Que, outrora, me consolavam a Alma
Viandante
Que parte e fica num mesmo lugar,
Num outro e mesmo lugar qualquer
Algures perdido na imensidão do Universo.

Ah, se encontrasse, um dia, esse meu topos,
Esse lugar natural que me foi destinado,
Esse espaço só do Tempo e só do Espaço
Apenas para mim guardo,
Só para mim colhido e não para mais ninguém!

Mas a podridão dos sentires putrefactos
Sempre se eleva,
Sempre fala mais alto,
Pelas aquelas vozes ignóbeis
Da maledicência propositada.

Isabel Rosete