terça-feira, 1 de abril de 2008

Primavera

O brilho do Sol,
O cheiro suave e doce
Do ar tranquilo.

As flores despontam.
Apontam para um novo estado,
Coberto de graça.

Os pássaros
Fazem ouvir o seu canto,
Não premeditado.

As nuvens correm
Rumo
À nova desfloração.

O brilho intenso
Das noites claras,
Afaga-nos a alma.

A alegria da Vida
Desperta em todos os rostos,
Amantes da beleza diversa da Criação.

A beleza de cada ente
Mantém-se no palco
Da eterna comunhão.

O estares não se aquietam,
Os amores despertam
Para a colheita de novos frutos.

Desponta a reviravolta ardente
De outros desejos,
Ainda não consumados.

Tudo acontece,
Na embriaguez sólida,
De um eterno beijo.

Isabel Rosete
12/03/08
02/04/08
Revolta

Aniquilemos
Todos os opressores,
Todos os vendedores
De “banha da cobra”,
Todos os retóricos,
Todos os sofistas.

Pairemos
Nas estrelas,
Proclamadoras das essências
Camufladas pela trivialidade
Das vivências desnorteadas,
Das mentes bicéfalas.

Recusemos
O parecer-ser,
A vulgaridade instituída
Pelo consumismo exacerbado,
Que nos devora as vísceras.

Alimentemos
O pensamento do Ser,
Fundamento do desabrochar
De tudo o que é,
Na sua identidade Iluminatória.

Soltemos
Todas as máscaras encobertas,
Todos os visos deformados,
Pela glória das estátuas amputadas,
Pelo sopro sórdido
Das vozes maledicentes.

Criemos
Um Mundo novo,
Uma outra escala de valores,
Onde a essência do humano
Se reconheça
Sem véus,
Sem obscuridade,
Sem freios.

Isabel Rosete
07/02/08
05/03/02
Pré-conceito (s)… I

O odioso reino
Das mentes quadradas
Nos vértices encalhadas,
Em jaulas encarceradas,
Cegas e surdas,
Sem horizontes possíveis.

O Mundo corroem
E a Humanidade sacrificam,

Em nome de uma pseudo Verdade
Inquestionável,
Indubitável,
Para todos instituída,

Em prol da crendice míope
Do absolutamente certo
Ou da mutabilidade impossível.

Um pecado capital,
Que o Novo rejeita,
O Diferente esmaga,
A Mudança atrofia.

Percorrem as façanhas dos Homens,
Na mesquinhez do Pensar
E na intolerância ideológica.

Castram o direito à Identidade,
Em nome da vã uniformização
Do Ser
E do Estar,

Em nome da claustrofobia
Do Sentir
E do Agir.

Cancro de todas as sociedades,
Pelo Mundo se espalham
Como ervas daninhas.

Freios perpétuos do desenvolvimento,
Amordaçam as bocas,
Que a Liberdade apregoam.

Motores da Raiva e da Vingança,
Perpassam todas as gerações,
Violentadas por ideias mal formadas.

Erguem-se no patamar de uma “santa” ordem
Imperativa,
Jamais contestada.

Sobre as almas encurraladas,
Lançam grilhões
Infinitos,
Estéreis,
Na imperfeita quadratura do círculo,
Que não mais avança.

Isabel Rosete
07/03/08
02/04/08
Pré-conteito (s)… II

O turbilhão intelectual
Dos mente-captos,
Promovem.

Os maquiavélicos desígnios
Dos tiranos,
Alimentam,

Sob o dogmatismo
Que as franjas do fanatismo
Enaltece
E o espírito crítico
Adormece.

Isabel Rosete
07/03/08
02/04/08
Pré-conceito (s)… III

Em seu nome se matam
Os Povos inocentes,

Se destrói
A Diversidade,

Se aniquila
A Autonomia,

Se esmaga
A Igualdade,

Se extermina
A singular especificidade das gentes,

Imperativamente caladas,
Cobardemente açoitadas,

Lançadas nas valetas
Da Vida perdida,

Nos limiares da Morte
Que as almas petrifica.

Isabel Rosete
07/03/08
02/04/08
Pré-conceitos (s)… IV

Deflagradores da essência humana
Movem-se,
Neste Mundo de Pó e Miséria.

Insultos degenerativos,
Atentados hiperbólicos
A todas as formas de inteligência;

Traços da pobreza mental
Dos que olham,
Mas não vêm;

Pedaços do ruído deformado
Dos que ouvem,
Mas não escutam;

Fios da cegueira opaca,
Dos que caminham
Em linha recta;

Manifestações da podridão
Do Mundo
Que não se apressa;

Degenerações contaminadas,
Que o Universo
Mobilizam;

Calcanhar (es) de Aquiles
De todas as revoluções,
Cegamente amputadas

Pelas ideologias unilaterais,
Que as divergências
Proíbem;

Amantes da hipocrisia,
Da falsa moral,
Do aparente puritanismo;

Parceiros da demagogia,
Camuflada,
Dos homens do Poder;

Pares da propaganda
Enganosa,
Dos falsos revolucionários,

Que a Humanidade
Encantam
E não enobrecem.

Isabel Rosete
07/03/08
02/04/08

segunda-feira, 31 de março de 2008

Primavera (s)

Cruzam-se os olhares
Na paz perpétua
De um saudoso beijo

Não há mais revolta
Paira a serenidade.

Tudo se move
No seu ritmo certo

O desfiladeiro
Não apavora mais
Os olhares inquietos.

O mar
Enrola-se na areia
Ao som do canto das sereias

Na paz dos Anjos
Se acalentam as tempestades
Fatigadas do seu peregrinar.

Os segredos
Da vida e da morte
Já não se ocultam mais

Os corações despertos
Estão aí
Para todos os re-começos.

Eleva-se a singela nudez
Dos corpos em comunhão

A pura leveza
Dos olhares
Que já não são pálidos

O riso das crianças
De olhos claros
Que a alegria espalham
Por todos os lugares.

A Paz
Torna-se visível

O Amor permanece
No seu devido lugar
Mesmo que incerto.
Cantamos a Primavera
Sem mácula

A Felicidade regressa
A todas as almas
Outrora despedaçadas.

Isabel Rosete
12/03/08