quarta-feira, 4 de novembro de 2015

António Pinho Vargas - uma já antiga (guitar)



"NADA É ANTIGO", por Isabel Rosete
(Sob a inspiração de António Pinho Vargas)

«Nada é antigo.
Nada é extemporâneo.
O Tempo tem o seu tempo
Em todo o tempo sem barreiras físicas,
Sem freios de qualquer espécie.
O Tempo dá-se no devir de si próprio,
Corre e percorre-nos
Num presente que é passado e futuro.»
Isabel Rosete

António Pinho Vargas - La Corazon



"O MEU PEITO DESTROÇADO", por Isabel Rosete
(Sob a inspiração de António Pinho Vargas)



«O meu coração vive partido
Nas sombras de um amor
Que não chega
Em reflexos encadeado.
Não sei o que é feito dele!
Não sei se se perdeu
Por entre as vagas alterosas,
Ou por entre as correntes alvoraçadas
Daquele mar vazio de emoções,
De cristais que brilham ao anoitecer
Quando só a Música se houve,
Ao longe, como um chamamento
Encantatório, que brilha, indelével,
No meu peito destroçado.»
Isabel Rosete

Canço nr. VI & Historia de un amor - Bernardo Sassetti







"A BERNARDO SASSETTI", por Isabel Rosete

«Tão leve, tão saltitante
Em palpitações sem receios,
O rapaz da camisola preta corre
Atrás do balão que das suas mãos
Se soltou. Para onde vai?
Em que direcção se move?
Em que sentido balança?
O Céu é tão grande!»
Isabel Rosete
03/11/2015

Bernardo Sassetti - Da Noite - Ao Silêncio






«Na Noite de um qualquer Silêncio,
Remoto ou não - sei lá!
Foste-te desta Vida, em modo de suicídio consciente,
Quiçá para uma outra qualquer Vida,
Quiçá para outra qualquer Morte,
Quiçá por uma história de Amor vivida em cansaço,
Quiçá por uma história de Amor não vivida
Ou vivida em qualquer Morte,
Na qual pensaste ou nunca havias pensado.
Mas, pensaste, com certeza, pela tua música introspectiva,
Melancólica, branca e preta, por onde deslizam os teus dedos
Nas teclas do piano, das mesmas cores, que deixaste só.
Não sei! Não sei! Foste, mas ficaste!
Aqui estou contigo, Bernardo Sassetti!
Em espelhos e reflexos, tão vivos quanto mortos,
Em movimentos circulares, rectilíneos - sei lá!
Aqui estou contigo, Bernardo Sassetti!»
Isabel Rosete
03/11/2015

sexta-feira, 8 de maio de 2015

"QUANTOS ERROS"
Por IR/Semi-heterónimo de Isabel Rosete

«Não quero que pranteiem a minha morte.
Odeio essas lágrimas mórbidas que nada significam,
Esses meros pedaços de nada das mentes
Que sempre me ultrajaram e nunca me acudiram.


Glorifiquem, venerem, os Pensamentos que tive
E nunca escrevi!
Passados quarenta e nove anos
Desta minha existência conturbada, é o que vos peço.

- Quantos erros não cometi?
- Quantos, ainda, não irei cometer?



Sou a réplica perfeita de um alma que chora,
Por não ser compreendida.
Não tenho a paz perpétua.
Não deixo outros opúsculos.
Apenas, alguns pensamentos dispersos.
A quem os ler, resta encontrar a lógica,
O sentido de tantos retalhos e atalhos
Que, nem sempre, fui capaz de unir.
O timbre do tédio regista-se na minha mente,

Onde já não cabe mais um ínfimo resquício de esperança.
Ah, como me revejo em Sócrates
E nessa ideia da Morte, para este mundo insano,
Como um Bem Supremo!»
IR

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

 OS MEUS AMORES, por Isabel Rosete

Os meus amores vão-e-vêm
Tão firmes e tão efémeros,
Tão nostálgicos e tão saudosos!

São eternos instantes de prazer,
Guardados pela memória que os presentifica,
Em todos os momentos de solidão;
São pedaços de mim,
Estilhaçam-me o peito,
Inquietam-me o Espírito, sem Paz;
São revoltosos, transpiram um desassossego
Megalómano, trans-luzem a impaciência
Em efervescência do meu estar-só.

Os meus amores são ansiedade em estado líquido,
Exausto devir de adrenalina pura,
Correntes sanguíneas em excitação;
Estares explosivos, impulsivos,
Gritantes… algozes, gladiadores,
Anjos-da-guarda sem guarda de nenhuma;
Não compactuam com as regras impostas,
Ultrapassam todos os limites,
O convencionalmente estabelecido,
Os freios hipócritas da moral instituída.

Os meus Amores são Excesso,
Hipérbole, des-medida,
Deflagração perene do Sentir;
Não se contêm mais dentro de mim,
Nem dentro de si;
Vagueiam pelo espaço libidinal
De um Universo ilimitado
Sem o princípio e o fim
De qualquer emoção percorrida.

Isabel Rosete
Breves constatações sobre um Portugal de demissionários, por Isabel Rosete

1. Vivemos, hoje, num Pais de demissionários, de gentes sem rosto e sem voz própria, convicta ou determinada;

2. Vivemos, hoje, no silêncio mórbido dos que não sabem como salvar este País em marés de desalento, em estado de naufrágio total. Completamente alagados, na sua ausência de ideais, os mandantes ou (des)mandantes nacionais talvez seja este o termo mais adequado navegam, sem norte, nos mares da dissimulação, da mentira e do faz-de-conta, sem escrúpulos ou peso nas suas consciências inconscientes;

3. Vivemos, hoje, banhados por um regime político incógnito e, naturalmente, indefinível e impassível de qualquer espécie de adjectivação apropriada, porque: vagueamos na política da lamentável conveniência, do tachismo sem disfarce, da ausência da identidade nacional, do parecer-ser estatístico que pretende camuflar – pensam eles! – as misérias nacionais, apenas invisíveis perante a quadradice dos espíritos míopes.

Isabel Rosete



Cansas-me, por Isabel Rosete

Estou cansada desse teu olhar que me despe
Cheio de mágoas e de frustrações;
Estou cansada desses teus olhos esbugalhados
Que me sorvem, sem piedade,
Pelo egoísmo de me possuíres,
Tão intensamente, que me exaures
O corpo e me desgastas a alma;
Estou cansada desse teu suor, desbravador,
Durante e depois do Amor;
Estou cansada dessa tua obsessão, desmedida,
De me quereres, sempre, dentro de ti
Mesmo quando estás ausente,
Algures, em qualquer lugar.

 Cansas-me de sufoco sempre que
A claustrofobia mental se instala
Em mim pela obsessão do teu amor;
Cansas-me quando beijas a minha boca
Mais que embebida nessa tua saliva
Que me amordaça a mente.

Tudo, no teu amor, é repleto de cansaço.
Um cansaço de tédio, que é mais do que cansaço.

Não te suporto mais!
Isabel Rosete



SINOPSE do meu, quiçá vosso NOVO LIVRO, "FLUXOS DA MEMÓRIA - Autobiografia(s) Poéticas", Pelo Professor Doutor José Caiado Ribeiro Graça (Filósofo), à venda nas Livrarias Bertrand Livreiros, Fnac e Wook.
«A criação poética, como as grandes aventuras do espírito, está envolta em mistério e enigma. É a expressão de uma existência inquieta, em sobressalto, em cuidado. Ou seja, o meio ou ecossistema onde a poesia ganha vida é, desde as suas origens, desassossego, agitação, impetuosidade, inquietação.
O elevado estatuto do poeta, tal como o elevado estatuto do profeta, radica precisamente aqui: ele é o mediatário, o mensageiro de um passado esquecido ou ignorado, de um presente oculto e nunca suspeitado e de um futuro que virá. "Fluxos da Memória", para além de todos os méritos literários e poéticos, é também um tributo ao respeito pela língua e ao (bom) gosto da escrita. Concretamente, esta- mos perante um texto de um elevado nível literário e de um apurado e profundo sentido poético. Consequentemente, constata-se um tão raro quanto louvável domínio, correcção e controlo das possibilidades e virtualidades da língua e da escrita.
Hoje, ainda mais do que ontem, é urgente (...) é necessário relevar a boa escrita. É que hoje, fala-se muito, mas diz-se pouco; escreve-se imenso, mas pior; diz-se que há ideias, mas sem ideia nenhuma. Em "Fluxos da Memória", as palavras não são zurzidas nem molestadas, os períodos uma tortura, os parágrafos um massacre e, pasme-se, os sinais de pontuação regressam, estão perdoados! E nem quando a autora abandona, por momentos, o registo poético, recorrendo ao texto em prosa, não insiste na nota de rodapé, não salta, continuada e reverentemente, para o colo da citação e não ameaça, ponto sim, ponto não, com o pai da ‘doutrina’.
Fluxos da Memória revela um traço extremamente invulgar: a autora tem pensamento próprio, tem uma ideia. E esse é um traço que distingue e diferencia as obras pensa- das, vividas, autênticas e maduras, das...outras. Deixa-se aqui, e para concluir, uma última sugestão aos futuros leitores: mãos à obra!»
Professor Doutor José Caiado Ribeiro Graça

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015



Aventuras infinitas movem-me
Nos vastos labirintos da escrita
Por entre os múltiplos códigos das palavras
Que dizem a realidade que lhes corresponde.

Traços, nem sempre distintos, ilustram o significado
Dos objectos dissemelhantes
Que cruzam cada momento do meu quotidiano
Tão rico de formas mutáveis
Inscritas numa diversidade imensa.

Isabel Rosete