quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Esperas por mim?
Onde?

Na mais longínqua clareira

De uma floresta não iluminada?


Não!

Definitivamente, NÃO!

NÃO te quero mais!

NÃO te acompanho mais!

...

Enquanto não botar a Luz

Que aclare os meus caminhos

Tão íngremes

Como os rochedos do Cáucaso,

Onde a Morte e a ressurreição

Me esperam…ao lado de Prometeu.

IR

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Para Martin Heidegger


Expressões silentes,

Sobranceiras,

Marcadas por um misto

De espanto

E de inquietação;

Olhos que fitam o infinito

Diante da imensidão

Dos caminhos do campo

Ainda longe das mãos

Destruidoras

Dos Homens sem Razão;

Expressões carregadas

De solidão

Face à desertificação da Terra

Que sempre lança

O seu (des)esperado grito de alerta;

Pés que pisam o chão campónio

Como uma bênção,

Enquanto a serena musicalidade atmosférica

Invade um espírito expectante

Que o Ser sempre escuta.


Ai estás, oh Filósofo!

IR
(Inédito)

Identidade


Amo-me, desejo-me,
Acima de tudo e de todos!

Narcisismo?
Egocentrismo?
Arrogância?

- Não! Claro que não!
Rotulem-me como quiserem...
Mas isso, digo-vos: “Não sou”!

Amo-me, porque me amo!
Não é razão suficiente?

IR

Processo da escrita



As ideias ocorrem, escorrem...

No caudal dos rios da Língua

Que as suporta e transmite;

Espalham-se, difundem-se

Num aberto continuado

No bloco de notas que sempre as acolhe;

Surgem num ápice eufórico!

Têm de ser ditas e registadas

Para que a serenidade volte

Ao meu pensamento desassossegado.

Escrevo-as sem que as precipite.


As palavras revelam-se, impõem-se

Sempre em cadeia ininterrupta

- como a água das fontes derramada sem cessar -

Sem que as des-oculte, nunca,

Na imediatez dos sentidos.


Escrevo!

Simplesmente escrevo

O que o meu pensamento me dita

Num ritmo vertiginoso, quase alucinatório,

Que as minhas mãos nem sempre acompanham.

Mãos instrumento dizer!


Assim digo o Mundo no seu ser e no seu estar,

Mutante e perene, num raio apaixonante,

Que o papel, antes vazio, reflecte e ilumina;

Assim caminho no balanço incerto das vogais

E das consoantes, que nunca me traem,

Que clareiam o meu dizer na transparência

Da Linguagem, a “Casa do Ser”.

IR
Na boca do Poeta


O poder gerador das palavras

Afirma-se e presentifica todas as coisas,

Visíveis e invisíveis,

Na boca do Poeta;

A sua força de criação e re-criação

Vivifica-se no mesmo instante

Em que o Mundo se torna claro,

Apesar dessa obscuridade que o enforma;

Apesar das manchas cinzentas

Que escondem a alvorada do Sol;

Apesar das nuvens que já não são brancas

E anunciam as chuvas não esperadas

Numa tarde de Verão.


Pelas palavras ditas

E não-ditas - nas entre-linhas supostas -

Nesse silêncio remoto das entranhas,

O Poeta des-vela as essências

E todas as coisas mortas surgem como vivas;

Os artefactos tornam-se manifestos

Na sua opaca transparência,

No deslumbre de uma Vida que se rasga

Para não mais se unir nos fragmentos estilhaçados

Na memória dos tempos.


- “Nunca mais”… - não é dito pela boca do Poeta!

IR


Sejamos Natal


Para além de todas as demagogias,
Para além do politicamente correcto,
Para além de todas as hipocrisias...

Celebremos, finalmente, o Espírito do Natal
Em todos os momentos
Desta nossa existência, tão efémera.

Natal é Fraternidade, Solidariedade, Paz,
Amor e Alegria na Terra
E nos Corações dos Homens;

Natal é a apologia do autenticamente Humano,
Em toda a sua essência genuína
De Bondade e de Verdade;

Natal é o enaltecimento de um Mundo
Onde não haja mais lugar para a Crueldade,
Para a Violência ou para a Agressividade;
Natal é a reunião dos Corações sensíveis
Que lutam, desesperadamente, pela União
Dos Povos e das Nações;
Natal é a rejeição da Discriminação,
Dos horrores da Guerra,
Da mutilação dos Corpos e das Almas;

Natal é a consciência da Miséria Humana,
O compromisso da sua superação,
O enaltecimento da Justiça e da União fraterna;

Natal é o triunfo do Bem e do Belo,
A glória de todos os Renascimentos,
A comemoração da Dignidade Humana;

Natal é a benção do sempre Novo,
O louvor de todo o acto de Criação,
De Renovação e de Regeneração.

Sejamos Natal,
Hoje, sempre,
Para sempre...

Isabel Rosete