sexta-feira, 5 de outubro de 2012



"TREVAS DA IGNORÂNCIA", por Isabel Rosete

"Mais um dia de Sol resplandece
Por entre as límpidas águas
- Deste mar onde lavo as minhas mãos,
Que agora escrevem no alvor da Criação -
Tão puras, tão instáveis, tão revoltosas...

Tão movediças e inquietantes quanto o próprio Homem.

Ah, mas..., já não há Sol a iluminar as mentes tenebrosas
Há muito minadas pelas trevas da Ignorância,
Esse estado próprio do pensamento vazio!

Ah, mas..., já não há Sol a entrar pelas vidraças
Húmidas e tristes das casas cinzentas
Votadas ao abandono pela (des)habitação do Humano!

Ah, mas..., já não há Sol a acalentar os corações jazidos
Pelo ódio ainda não arrefecido,
Pela vingança irreflectida dos espíritos acobardados!"

Isabel Rosete

"NAS ORELHAS O MUNDO", por Isabel Rosete

"Passo pelas ruas e não vejo as gentes.
Escuto apenas os seus pensamentos
- Ora de alegria, ora de medo
Ora de felicidade, ora de tédio -
Como um Anjo invisivelmente presente
Nas orelhas o mundo.

Por vezes, os pensamentos
Cruzam-se e interpelam-se
Nas teias intra-mundanas
Do espaço cósmico universal;
Por outras, correm em digressão
- Ora em sintonia, ora em des-fazamento
Ora em serenidade, ora em agonia –
Nas mentes aceleradas das cidades em combustão.

Aí estais gentes dis-persas,
Sós, em aparência des-apartadas,
Des-agregadas entre vós
E de todos os outros que também
Sóis vós na sua natural
Identidade e diferença específicas."

Isabel Rosete

"TORMENTA DO AMOR", por IR

"Amo-te nos confins dos mares mais distantes
E já não suporto mais essa saudade
Que me sufoca e atormenta.

A tormenta do amor nasce no sobressalto
Do meu corpo, agora só,
Da minha alma, agora descompensada
Pela tua ausência tão..., tão… longa.

Prometeste-me o teu amor!
Porque não voltaste?
Porque não me acompanhas mais?"

IR (semi-heterónimo de Isabel Rosete)