domingo, 27 de junho de 2010

O que esperais

Depois do Amor?

A fumaça dos cigarros
Que libertam o relaxamento
Da tensão do prazer?

A frustração de uma paixão
Não-resolvida,
Ainda não-consumada?

O desespero
Inaudível
Da cadência
Da morte do Amor?

O silêncio da Alma
Que diz o não-dito,
O que ficou por dizer
No corpo ainda estremecido?

O brilho opaco
Da secreções que restam
Espalhadas nos lençóis?

O cheiro molhado
Dos corpos exaustos
E amortecidos?

Uma outra erupção libidinal
Que reinicia
Mais um outro ciclo de cio?

O não do esgotamento
Da semente que,
Teimosamente, não fermenta?

O que esperais
Depois do Amor?

Isabel Rosete
O vento move as areias soltas.
As ondas, alterosas, espantam
As gaivotas, sedentas de sustento.

O Sol, reflecte-se nas águas,
Ainda, límpidas,
Em perpétuo movimento.

As conchas, espalhadas na beira das parias,
Guardam a memória dos passos corridos
E exaltados dos amantes
Que as suas marcas não apagaram.

Isabel Rosete