quinta-feira, 13 de março de 2008

Não sei o que é feito do mar
Que os peixes
Não mais acolhe…

Não sei o que é feito do Amor
Que os corações
Não mais comove…

Não sei o que é feito da Amizade
Que os amigos
Não mais venera…

Não sei o que é feito da Paz
Que as guerras
Não mais amortece…

Não sei o que é feito da Humanidade
Que o Mundo
Não mais protege….

Não sei o que é feito do Ser
Que os entes
Não mais presentifica…

Não sei o que é feito de Deus
Que às criaturas
Não mais se manifesta…

Não sei o que é feito dos caminhos
Que à Felicidade
Não mais conduzem…

Não sei o que é feito de mim
Que o Destino
Não mais encontro….

Isabel Rosete
08/02/08
Semeámos o ódio
Colhemos
A irracionalidade

Plantámos a guerra
Recolhemos
A miséria

Desbravámos a Terra
Instaurámos
A degeneração

Minámos os solos
Disseminámos
A infertilidade

Consumimos os ares
Recebemos
O degelo

Amámos a cólera
Destruímos
O Mundo

Ludibriámos a Vida
Permanecemos
Na Morte…

Isabel Rosete
07/02/08
Recuso-me a aceitar
A marca perpétua
Do sofrimento

Que as franjas da alegria
Invadam a minha alma

Que os raios do optimismo
Cubram o meu rosto

Isabel Rosete
07/02/08
Somos acção
Criação

Geramos outros Mundos
Outras perspectivas

Outros seres
Outros estares

Sempre que o tédio
Nos invade a alma

Sempre que a monotonia do olhar
Nos consome o cérebro

Sempre que o desterro
Nos abandona ao Nada

Isabel Rosete
19/12/07
01/03/08

quarta-feira, 12 de março de 2008

Não somos Sócrates
Não abraçamos a Morte
Como um bem supremo

A morte do outro
A morte de nós mesmos…

Sempre esperada
Sempre adiada…

Sempre próxima
Sempre distante…

Uma figura do Destino
Implacável
Que todas as coisas conduz
Ao seu próprio fim…

Um estado outro
Que nem ousamos imaginar…

Apavora
Atormenta…

Sempre está aí
Numa outra face…

Numa presença
Ausente
Que não queremos presentificar…

Isabel Rosete
16/06/07
13/03/08
Pensamos na morte
Em todos os momentos
Da nossa existência
Individual e colectiva,
Mesmo
Que o façamos
Inconscientemente…

Receamos a morte
A única certeza absoluta
De que dispomos
Um vir a ser inevitável
Completamente irreversível…

A morte é lenta
Até chegar
O derradeiro momento
O instante final
Do seu incontornável
Aparecimento

A todos
Bate à porta
Sem aviso prévio
De recepção anunciada…

A morte?
Pois
A morte…!

Esse outro lado da Vida
Que não está iluminado
Voltado ou virado
Para nós?

O que tememos?
Aquilo que ignoramos?

A morte…?
O que é a morte?

A separação da alma e do corpo?
A passagem para um outro modo de ser?

O passaporte para uma outra vida?
A entrada num outro estado de graça
Pleno e purificado?

Um horror?
Um Inferno?
O Nada?

Isabel Rosete
16/06/07
13/03/08
Pensamentos Dispersos
09/01/08

‑ Deixem as nossas almas livres da mesquinhez do mundo.

‑ A inveja corrói a paz dos nobres corações.

‑ Plantamos o Amor. Colhemos o ódio.

‑ Apregoamos a Paz. Resta-nos a Guerra.
Pensamentos dispersos,
08/02/08

* Sinto-me só
Num espaço atopos…

* Não amo a ilusão do Nada
Mas a solidão do Tudo…
Os tons
Os sons…

Enobrecem a beleza da criação
A harmonia da Natureza
No seu estado de graça…

O reino dos vivos
Fazem mover
O reino dos mortos
Renascer…

Sossegam os espíritos
Atormentados…

Harmonizam os corações
Despedaçados…

Pela vil miséria
Do sofrimento inacabado…

Embalam os amores
Acobertam os seus estares...

Entusiasmam
A excitação dos corpos…

Embriagados
Pelo intenso desejo
Da união visceral…

Isabel Rosete
16/01/08
Os meus amores vão e vêem
Tão firmes e tão efémeros
Tão nostálgicos e tão saudosos

São eternos instantes de prazer
Guardados pela memória que os presentifica
Em todos os momentos de solidão

São pedaços de mim
Estilhaçam-me o peito
Inquietam-me o corpo e a alma

São revoltosos
Transpiram um desassossego megalómano
Transluzem a impaciência em efervescência

Os meus amores são ansiedade em estado líquido
Exausto devir de adrenalina pura
Correntes sanguíneas em excitação

Estares explosivos
Impulsivos
Gritantes

Não compactuam com as regras impostas
Ultrapassam todos os limites
O convencionalmente estabelecido
Os freios hipócritas da moral instituída

São excesso
Hipérbole
Des-medida
Deflagração perene do sentir

Não se contêm mais dentro de mim
Vagueiam pelo espaço libidinal
De um Universo ilimitado
Sem princípio nem fim…

Isabel Rosete
27/12/07
26/01/08
Orfeu…

O deus da lira e do canto
Da catarsis musical…

Sempre presente
No reino dos vivos
E dos mortos…

Amando
Sofrendo
Lamentando…

Uma dádiva de magia
Que os rochedos
Comovia …

Isabel Rosete
06/05/07
10/02/08
Olho em frente…

Vejo a miséria
Das crianças que sofrem
Dos espíritos embriagados
Pela nudez
Que não é mais originária

Olho em frente…

Vejo a prepotência das Nações
As falsas intenções dos Povos
Que esmagam os seus pares
Que corrompem a escassa dignidade
Que ainda nos resta

Isabel Rosete
13/03/08
O ser humano perdeu-se de si próprio
Do Mundo e dos Homens…

Vive a ambição desenfreada
De um novo progresso…

Percorre todas as vias
Todos os caminhos
E chega ao Nada…

Só olha
Não vê…

Só ouve
Não escuta mais…

Vagueia por montes e vales
Sem destino determinado
À procura de uma qualquer coisa
Perdida
Outrora
Num espaço misterioso e indecifrável…

Não sabe mais de si
Nem do Mundo…

O Universo escapa-lhe
Tal como os intermináveis céus
Em noites de Lua cheia…

Chama o Tudo
Só o Tudo lhe satisfaz…

Não tem medida
Não tem freios
Não tem governo…

Move e remove todos os espaços
Num eterno círculo
Sem identidade…

Que Humanidade é esta
Que a si mesma se odeia
Se destrói
E se atropela?

Quanta violência
Que com o pensar crítico se confunde
Que da racionalidade se afasta
Que a livre expressão oprime…

Praguejam
Os Homens
Em nome da demagogia
Das falsas promessas
Sempre camufladas
Sempre adiadas…

Hipocrisia: é a palavra-chave
Desta gente des-vairada
Corrompida
Esmagada
Completamente destroçada…

Isabel Rosete
02/09/07
23/01/08
O Mundo está aí…

Não poupa a cegueira branca
Das almas puras

Desprotegidas
Das garras escondidas…

Não oferece gratidão
Aos nobres espíritos

Não escuta os gritos de alerta
Da Natureza desolada…

Não sente os odores da Terra
O chamamento das coisas simples

A singeleza do desabrochar das flores
A leveza do correr das aguas puras…

Não perpetua o poder da Paz
A força do Amor

As dádivas da Criação
O jorrar originário das Fontes…

A serenidade dos céus
O brilho translúcido das estrelas…

A transparência dos raios solares
A magnitude da Lua cheia

O livre voo dos pássaros
A frescura das árvores onde pousam…

Isabel Rosete
10/01/08
26/01/08
O êxtase da alma…

É insuportável
Em qualquer paixão…

As mãos tremem
Transpiram…

O coração
Consome-se

Num ritmo
Acelerado

Incontrolável
Incontornável…

O estômago
Já não se contém
Com tanta ansiedade…

Calafrios
Pela coluna
Sobem e descem…

Tudo se move
Tudo se transforma

A um ritmo
Desenfreado
Imparável
Inefável…

Isabel Rosete
26/05/07
26/01/08
O brilho de Apolo
Contra a lucidez dionisíaca…

Assim somos
Assim vivemos
Os dois lados expostos e inseparáveis,
Ocultos numa mesma existência

Com a harmonia das formas
Das cores e dos sons,
Com o esplendor do Belo
E a racionalidade dos instintos

A Lira de Apolo adormece
Os corações aflitos…

Emerge o sonho
As máscaras
Os véus
Que encobrem os rostos

A adivinhação
A divinidade da luz
A claridade do visível
A medida
A virtude

O mundo interior da imaginação
O princípio da individuação
As figuras de contornes precisos
Os limites da criação…

Diónisos
A exemplificação do imenso
Do enorme
Do excesso
Do hiperbólico

A grandiosidade
Do “crescendo”
De todo o acto de renovação,
O fluxo incessante da Vida

O sofrimento
O instintivo
O subterrâneo
O instintivo

A união umbilical
Com as entranhas da Terra,
A tragédia dos caminhos paralelos
E as contradições do humano

O êxtase da morte
E da ressurreição,
A infinitude libidinal
O férmito da embriaguez

O eterno retorno
Do cíclico imparável
Da vida e da morte,
O transe dos sentires…

Isabel Rosete
26/05/2007
15/01/2-08
O Belo
O Sublime
Enaltecem-me a alma…

Na clareira do Ser
Vejo a minha essência
De pó e miséria…

Isabel Rosete
21/01/08
O Amor… II

Crava-se
No peito
Como um espinho
De uma rosa
Sangrenta…

Aveludada
Doce
Sedosa…

Quente
Misteriosa
Enigmática…

A Felicidade
É o paradoxo
Dos amores
Verosímeis
E inacreditáveis…

O Amor…

Espalha-se por todas as veias
Tornar-se plasmático…

Dividido
Unido…

Move-se nessa massa
Vermelha
Que circula
Em todas as células
Em todas as veias
Em todos os poros…

Tudo inunda
Tudo faz
E desfaz…

Na dimensão paradoxal
Do infinito Universo do sentir…

Isabel Rosete
6/08/07
23/02/08
O Amor… I

Está na essência
De um destino
Traçado por encontros
E desencontros…

Move-se
Na corda bamba
Do equilibrista…

Tão frágil
Como as asas dos anjos…

Tão forte
Como as montanhas rochosas…

Tão intenso
Como as tempestades…

O Amor…

Corrói a alma
Invade as entranhas
Revoluciona-as
Sem digestão…

Percorre todo o corpo
Exalta-o
Enobrece-o
Subestima-o…

É um viandante
Devasta
Todas as moradas
Desprevenidas…

Vem…
Passa…
Vai…

Deixando
Longínquas pegadas
Impressas…

Qual fóssil
Em terreno desconhecido…

O Amor…

Também mata
Também dói…

Espelha
O inquietante composto
De alegria e de felicidade…

De exaltação
E De exuberância…

De nudez
E De pureza…

Do Tudo
E do Nada…

Isabel Rosete
6/08/07
23/02/08
Pensamentos Dispersos
08/02/08

‑ Passo todos os dias da minha vida rodeada por um conjunto de feras indomáveis…
Não sei o que é feito do mar
Que os peixes
Não mais acolhe…

Não sei o que é feito do Amor
Que os corações
Não mais comove…

Não sei o que é feito da Amizade
Que os amigos
Não mais venera…

Não sei o que é feito da Paz
Que as guerras
Não mais adormece…

Não sei o que é feito da Humanidade
Que o Mundo
Não mais protege….

Não sei o que é feito do Ser
Que os entes
Não mais presentifica…

Não sei o que é feito de Deus
Que às criaturas
Não mais se manifesta…

Não sei o que é feito dos caminhos
Que à Felicidade
Não mais conduzem…

Não sei o que é feito de mim
Que o Destino
Não mais encontro….

Isabel Rosete
08/02/08
13/03/08
Não quero mais o outro de mim mesma
Mera peça de um puzzele
Do baralho Universal…

Preservo a identidade e a diferença
Do ser e do estar
De cada ente diverso
Deste espaço cósmico de mudança
De variação
De metamorfose…

A Natureza é múltipla
Multi-fórmica
Multi-color
Aí reside a sua extraordinária beleza…

As regras sociais impõem-se
Em prol da concordância
De todas as condutas
Em nome da uniformidade
De todos os ritmos…

Fecham os olhos à bio-diversidade
Como se fossemos todos o mesmo…

Como se tivéssemos a obrigação natural
De permanecer
Para sempre
Em uníssono…

A massa das gentes incógnitas
Solidifica-se
O massacre do Ego
Presentifica-se…

São constantes
Em crescendo
Desta pseudo unificação do Humano…

Isabel Rosete
02/08/07
23/02/02/08
Finalmente
Sossego
Na melodiosa paz dos Anjos

Volto a ser infante
Adormeço
Com a serenidade clara da Lua…

Sonho outros mundos
Outras vidas
Outros estares…

Viajo por todos os espaços
Mesmo pelos mais inacessíveis…

Um imaginário suave e tranquilo
Traz-me a Paz
Sempre esperada em todos os momentos
Desta minha existência instável
Volúvel
Camaliónica….

Entranho-me nas mais labirínticas tramas
Deste Universo sem fim…

Vejo o Infinito
Encontro o silêncio dos orbes celestes…

O divino aureola-me
Entro em comunhão comigo mesma
Com todos os outros
Meros pedaços efémeros do meu caminhar…

Os meus pensamentos percorrem
A iter-mundaneidade do Mundo
Com pressa
Sem discrição…

Finalmente….
Sou Eu
E não mais o outro de mim mesma…

Isabel Rosete
03/09/07
16/02/08
«Dia Internacional da Mulher»
08 de Março de 2008

Ex. mos Senhores,
Ex. mas Senhoras,


Deixemo-nos de eufemismos:

O “Dia Internacional da Mulher” é todos os dias;
Não há, propriamente falando, Mulheres e Homens;
Há, apenas, Seres Humanos, com algumas diferenças genéticas inultrapassáveis.
Neste ponto, referimo-nos à óbvia dissemelhança do Mesmo, e o Mesmo é, tão simplesmente, isso a que chamamos de “Humanidade”, naturalmente, diversa, naturalmente, enformada em múltiplas dimensões;
Há, apenas, Seres Humanos, com igualdade de Direitos e de Deveres;
Falar, tão empoladamente da Mulher, apenas no “Dia Internacional da Mulher”, já é uma forma de discriminação,
Mais nada.



Mulher, para sempre…

Uma dádiva da Natureza
O topos da Criação…

Em si carrega
As sementes da Renovação…

Consigo arrasta
O gérmen de outras Vidas

No Mundo lançadas
Como um Dom

Sempre esperado
Sempre desejado
Nunca esgotado…

O seu ventre é Sagrado
Fonte jorrante da Vida
Que em cada embrião se eterniza…

Os seus seios,
Símbolos,
Sinais
Do alimento divino,
Corpos e almas fortificam…

Os ciclos da Vida multiplica
Em doce ou vã alegria…

A sucessão das gerações assegura
Sempre prenhe de fertilidade…

Em si acolhe todos os frutos
Todos os rebentos…

Com a genuína graça
Do Renascimento Infinito
De novas Idades…

Isabel Rosete
08/0308
Criamos e destruímos o Mundo
Um paradoxo infinito de contradições
Se impõe a todo o momento…

Misturamos o caos e a ordem
Numa massa atómica
Que não distinguimos mais…

Revolvemos os elementos e os compostos
Os átomos e as moléculas
Em crescendo
Para uma nova ordem…

Amamos os espaços dos outros
Num misto de solidariedade
Pena
Inveja
E compaixão…

Desconhecemos o que somos
Nos caminhos alienados da Vida
Que rodopia
Em torno do seu próprio círculo

Complexo
Perplexo
Inacabado…

Isabel Rosete
18/10/07
10/02/08
Assim é o amor…

Força
Que move e comove
Despista
Rói
Corrói
Destrói…

Cego e surdo
Táctil e visual
Move-nos
Para a realidade
Do possível…

Para o possível
Do impossível…

Para o imaginável
Do inimaginável…

Para o sonho
Do in-sonhável…

Para as correntes tumultuosas
De um mar sem fim…

Para o infinito
Do próprio finito…

Para a alucinação
Da sensatez…

Para a irrazoabilidade
Do razoável…

Para o ilimitado
De todos os limites
Conscientes
Ou inconscientes…

Assim é o Amor
Uma força tremenda
Gigantesca…

Arrebatadora
Desmedida
Enorme…

Dentro de um tempo redondo
De um eterno retorno
Do mesmo e do outro
Com princípio e fim…

Isabel Rosete
26/05/07
26/01/08
Aqui estamos nós,
Homens,
Um dia rotulados de “animais racionais”…

Supostamente
Pensantes…

Supostamente
Sensatos…

Prudentes
Previdentes…

Detentores
De um raciocínio lógico-discursivo…

Hipoteticamente
Emersos
No melhor dos mundos possíveis…

Afinal
O que queremos de nós,
Seres errantes?

O que queremos do Mundo
Que em torno de nós
Se desloca
A uma velocidade incomensurável?

Que intentos nos movem?
O que pretendemos?

Apagar
Essa aura de entes
Onde
Um dia
Fomos depositados
Sem que o nosso querer
Fosse chamado a opinar?

Varrer
Este modo de Existência
De caos e de ordem?

Abolir
Este estado
Epimetaico e prometaico
Que sempre nos acompanha?

Remover
Os des-equilíbrios
De que somos co-autores
E co-produtos
Voluntária
Ou involuntariamente?

Perdemos o rumo
A direcção…

Não encontramos mais
O fio de Ariana
Que comanda o nosso Destino…

Destino?
Mas, que Destino?

O de sermos meros pedaços enredados
De uma humanidade enlaçada
Nas malhas da sua própria teia?

Ariana e a Aranha
Estão sobre a caução do mesmo invólucro
Tão opaco
Quanto transparente
Tão sublime
Quanto miserável…

Ainda podemos falar
Da harmonia heracliteana dos contrários?

Do caos criativo que
Gera a ordem desordenada?

Isabel Rosete
19/01/2001
17/02/08
Apaixono-me pela Vida
Quando me desvio
Do seu ritmo alucinatório…

Vivo intensamente
Cada instante
Como se fosse o último…

O presente
O imediato
Superam o passado
Apontam em direcção ao Futuro…

Nada impede esse meu desejo
De assim viver
De estar para além da mera sobrevivência
Mesquinha
Vexada
Das gentes de mente pequena…

Sinto a profundeza do Ser
De todas as coisas
De tudo o que se presentifica
E se oculta
Num tempo que não é o meu…

Isabel Rosete
03/09/07
16/02/08
Antes que o Sol desponte
Quero brilhar…

Fugir
Para o outro lado do Mundo
Que me é oculto…

Sentir outros rostos
Outras gentes…

Outros estares
Outras naturezas…

Ver outras cores
Outros brilhos…

Outras Estrelas
Outros Planetas…
Outras Galáxias…

Intuir o infinito do Universo
Envolto naquela cápsula
Que quero abrir…

O fechado atrofia-me os membros
Congela-me cérebro
Sempre em pleno estado de agitação…

Todos os vulcões
Aí se concentram

Todas as lavas
Daí escorrem

E os caminhos
Não se bifurcam mais…

Isabel Rosete
06/07/07
10/02/08
Amo o Sol
Tudo o que brilha
Numa intensa e vã agonia…

As palavras soltam-se
Da minha boca
Como dados certeiros…

Aos homens se dirigem
Visam o seu rosto
Dependurado
Na face do mistério…

Nos terrores da guerra
Nos visos sanguinárias
De todos os opressores…

Nos medos das gentes
Acabrunhadas
E maltratadas
Em nome
De um tal dito progresso…

Isabel Rosete
09/12/07
26/01/08
Amo
Não sei bem o que amo…

Tenho medo de voltar a amar
De voltar a sofrer
De voltar a sonhar…

As ilusões crescem
Quando se ama…

Emerge a dor
A insatisfação
A insanidade
A insensatez…

A cólera manifesta
A presença ausente
De um outro estado
Sempre inacabado
Sempre adiado…

Caminhos que não conduzem
A parte alguma
Espreitam-nos no amor…

Nos caminhos
Que se bifurcam
Perdemo-nos
De nós
E do outro…

Encontramos o desfiladeiro
Assoma o vazio
De uma alma deserta
Dispersa
Em con-fusão…

Alienada pela adrenalina
Que sobe
Escorrega
Desampara
Inquieta…

Isabel Rosete
26/05/07
26/01/08
Amar a Paz
Já não é coisa dos Homens…

Tudo destroem
Desbravam
Corroem

O centro do seu olhar
É o sangue
Selvagem
Dos oprimidos

Quanta cobardia !
Quanta indignidade !

A vergonha
A vileza
Não mesclam mais o seu rosto
Marcado pela insensatez
Manchado pelas sórdidas raízes ódio…

Enlameado pelo fanatismo
Que estreita
Os horizontes das mentes
Ensurdecidas
Pelos timbres do tambores
Que a guerra anunciam…

Isabel Rosete,
07/02/08
A inveja
O pior dos males
De todos os mundos possíveis

Motor das injustiças
Sem rosto

Das rebeliões
Sem ordem

Das mortes
Sem causa determinada

Das calamidades
Atrozes
Lancinantes
Medonhas

Que para si próprios
Os homens criam

Sedentos da vingança
Ofuscada
Cega
Irreversível
Que agoniza
As castas gentes

Isabel Rosete
07/02/08
04/03/08