quinta-feira, 3 de novembro de 2011


Escuto o martelar da água salgada nas rochas

Que habitam as praias solitárias,

Essas por onde passam, de sobrevôo,

As gaivotas e, por vezes,

Os homens em busca da quietude

Outrora perdida num manto de Rosas vermelhas,

Onde se entoam e ecoam todas as Paixões.

Os amantes, já exaustos, deambulam pelas areias

Movediças, autênticos palcos de muitos mundos,

Esses que imaginamos, mas ainda não vivemos

Onde arquitetam ou aniquilam as suas próprias moradas.


Uma linguagem incompreensível vocifera das suas bocas

Quentes, abrasadas, suadas pelos beijos trocados

Com o sabor amargo e doce da Vida não habitada

Em terreno firme e terno.


Ah, a Vida, o trampolim, a barra olímpica

Por onde caminhamos em perplexos des-equilíbrios

No correr solto dos ventos saltitantes

Que bolem as nossas pernas trôpegas,

Como se mal tivéssemos começado a andar!

Isabel Rosete
No silêncio da Morte,

Enquanto Deus dorme,

Movo-me, leve, tão... serena...

Pelos espaços astrais que me engrandecem

E comovem na tranquilidade da minha Alma.

A paz dos Anjos esses entes alados em vigília

Constante permanente, acompanha-me

Com a ternura e a serenidade dos Espíritos puros.

O meu Corpo, então, sossega e adormece

Na tranquilidade da Eternidade.

Isabel Rosete
(Inédito)

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Escrevo sempre que o meu pensamento

Se volta para o interior de si próprio,

Sempre que nele se espelha o Mundo,

Sempre que nele se relfecte a Natureza,

A Humanidade, nos seus confins e afins,

Em trajectórias imensas que percorrem

Todos os ciclos do Universo.

Absorvo o Tudo, o Nada e o Vazio, o Acaso,

O Ocaso... Que se dá sublimadamente,

O Destino, que se mostra e esconde,

Num mesmo instante existencial irrepetível.


Nada pode ser ocultado.

Não há omissões possíveis

Neste espaço de transparência absoluta

Onde reina a Verdade

E não mais a verosimilhança.


Todos os detalhes, mais ou menos recônditos,

São naturalmente cruciais,

Até mesmo os aparentemente mais fúteis,

Porque o Todo que sempre move a ambição

Desmedida do Pensamento só é visível

Por entre as suas ínfimas e ilimitadas partes;

Porque a Alma dos Tempos,

Passados e Vindouros,

Só re-luz quando imersa no seu cheio redondo.

IR, Ílhavo, 19/03/2009