quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Nas margens infinitas

A minha Alma procura
Sem cessar
A Liberdade
Qual espaço Aberto
Da expansão total do Tudo
Onde não há acaso
Nem ocaso
Nem ausência
Nem nadificação.

A minha Alma quer percorrer
Os círculos viscerais
De todos os entes.

A minha Alma ama a Totalidade
Na sua Grandeza
Que foge aos estreitos limites do Tempo
Do Espaço
Do Destino…

A minha Alma vagueia
Por todos os lugares
Porque não cabe mais dentro de si própria.

A minha Alma procura o Aberto
Onde o Tudo se funde
Na Clareira
Em perpétua comunhão com o Ser
Fundo e fundamento de todas as coisas.

A minha Alma pensa o Mundo
Mas
Esmorece
Perante o caótico cenário da miséria alheia.

A minha Alma quer mudar o Mundo
As mentes das gentes agrilhoadas
À mesquinhez do pré-conceito
Ao vergonhoso estado
Do mero sobreviver.

A minha Alma quer ultrapassar as barreiras
Do Tempo e do Espaço
Quer ser eterna
E nessa eternidade mover o Mundo
Na sua direcção adequada.

A minha Alma não é narcísica
Vê-se ao espelho
E reconhece a sua própria Identidade
Sofre com todos os “Epimeteus”…
Deseja todos os “Prometeus”…

A minha Alma sente-se só
Desamparada
Nesta cavidade cósmica des-humanizada
Que não suporta a disparidade da alteridade.

A minha Alma quer renascer
Num Mundo Novo
Sem rótulos
Sem rebanhos
Sem congeminações forçadas e infundadas.

A minha Alma quer crescer
Nas margens Infinitas de todos os oceanos
Nos leitos Ilimitados de todos os rios
Nas águas não-estagnadas
Que à mudança
Sempre
Impelem
Em movimentos redondos…

Isabel Rosete

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Cada passo que dás
Meu amor que já não és meu
É o triunfo inglório da glória
Das nossas vidas
Vividas
A ferro-e-fogo
No desejo do estar junto
E do estar só.

Há um tremendo abismo entre nós!

Ainda não o viste
Ainda não o sentiste...
Nessa tua caminhada
Solitariamente acompanhado!

Nunca estou contigo
Mesmo permanecendo e partilhando
O mesmo leito
Irremediavelmente cheio
Do vazio
Da presença ausente de mim.

O teu amor esgota-me a alma
Pela obsessão desenfreada
Que te move e me aureola
Sem intervalos.

A claustrofobia mental
Instala-se
Num instante só.

E, a partir desse momento, já não sou eu
Mas um espaço redondo de lamentações
Que me sufocam a mente,
Que me empedernessem o corpo
Logo despojado do ser
Atrofiado
Sem resposta…

Já não tens mais perdão
Já não és nada de mim
Nem para mim, a não ser…
Um pedaço de mágoa e de dor
Que desprezo e abomino.

Não te pedi para me amares assim!


Isabel Rosete