terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Sou a exemplificação
Mais ou menos fortuita
Das Paixões inconstantes.

O Amor comove-me!
Mas, nem sempre me move!

A dor do amor
Desampara-me
Desarma-me…
Todas as vezes
Que me bate à porta.

Nunca sei como recebê-lo
Pela inquietude do meu ser
Em demanda
Em digressão…
Perpétua.

Isabel Rosete
A solidão da ausência do Amor
Torna-se insuportável.
A Alma esmorece,
O coração des-falece
No eterno retorno de um ciclo perpétuo
Onde o tempo se esgota.

Isabel Rosete
Sofro pelos amores-vividos,
Pelos ainda não-vividos
E por viver.

Quero-os
E rejeito-os
Num só e mesmo instante
De plena inquietude,
Que me ex-tasia a Alma
Atormentada
Vagueante pelos atalhos,
Por onde não vou.

Isabel Rosete
Sinto, ao longe,
As marcas vindouras do sofrimento
De mais um dia des-feito.

Ecos das trevas da alma se alojam dentro de mim
Em instantes
De indecifráveis mistérios
Do amor e da morte
Que, em uníssono,
Se beijam...

Isabel Rosete
Magos celestiais,
Para onde nos levam
Os vossos caminhos?

Para o Futuro,
Há muito, esperado?
Para o Paraíso,
Outrora, perdido,
E agora desejoso de ser re-encontrado?

Que caminhos teremos
De percorrer, ainda?
Por quantas marés
Teremos de navegar?
Quantas Estrelas
Teremos de contemplar?
Quantos céus
Teremos de percorrer?
Quantos montes
Teremos de mover,
Rumo a uma outra era
Rumo a uma nova idade?

Isabel Rosete
Pairo, por aí…
Não sei para onde vou!
Simplesmente pairo
E sou.

Isabel Rosete
Não me preocupo com o Ser
Do ser daquilo que é!

Porém, o vazio do espaço
E do tempo
Sempre me atrofia o cérebro,
Sempre trava os movimentos
Do meu corpo,
Languido.

Porque vos espantais?
Somos corpo e cérebro,
Puro complexo físico-químico!
Veias,
Sangue,
Células,
Átomos, moléculas…
E, também, mágoas!

Isabel Rosete
Um dia de Sol resplandece
Por entre as águas cristalinas
Tão puras
Tão imortais
Tão ancestrais quanto o próprio Homem.

Mas, não há Sol
Que ilumine as mentes escuras
Travadas pelas trevas da
Ignorância!

Mas, não há Sol
Que entre pelas vidraças
Húmidas e tristes
Das casas cinzentas
Votadas ao abandono
Pela (des)habitação do Humano!

Mas, não há Sol
Que acalente
Os corações jazidos
Pelo ódio ainda não arrefecido
Pela vingança irreflectida
Dos espíritos acobardados!

Isabel Rosete
Se a minha Alma falasse
Não se entenderia com a linguagem dos Homens
Cegos e surdos
Em veredas (des)amparados.

Pedaços de mim lançam-se por esse Mundo incógnito
Soltos
Completamente soltos
Como se o puzzle a que um dia pertenceram
Se tivesse desfeito, para sempre,
Na anarquia caótica dessas gentes que escondem
Os sorrisos de gratidão
As lágrimas de felicidade
Os aplausos, a um só ritmo,
Que não soam mais nos timbres da harmonia
Dos tambores da Paz e da Justiça
Que, outrora, me consolavam a Alma
Viandante
Que parte e fica num mesmo lugar
Num outro e mesmo lugar qualquer
Algures perdido na imensidão do Universo.

Ah, se encontrasse, um dia, esse meu topos
Esse lugar natural que me foi destinado
Esse espaço só do Tempo e só do Espaço
Apenas para mim guardo
Só para mim colhido e não para mais ninguém!

Mas a podridão dos sentires putrefactos
Sempre se eleva
Sempre fala mais alto
Pelas aquelas vozes ignóbeis
Da maledicência propositada.

Isabel Rosete
Quem me levará para onde eu não quero ir
Durante a minha Vida,
No momento da minha Morte,
Ou depois de todos os meus perecimentos
Infinitos?

Apenas os Anjos que sabem de mim
E escutam,
Silenciosamente,
As vozes do meu pensamento,
Nem sempre dis-persas.

Isabel Rosete
Finalmente,
Conquistámos a Felicidade!
Finalmente,
Renova-se a Alegria!

Não há mais sofrimento,
Nem dor, nem flagelos...

A Humanidade atingiu,
Por ora,
O auge da sua própria per-feição,
O júbilo do seu ser,
Em todo o seu esplendor...

E a serenidade regressou às Almas,
Agora,
Em paz perpétua.

Isabel Rosete
Se os girassóis florirem...
O nosso Amor continuará a ser eterno!
Mesmo que as amarguras da vida
Perdurem!
Mesmo que o Mundo nos
Separe!

Nada,
Ninguém,
Combaterá a intensidade
Da força do Amor!

Sempre que o Amor é Rei...!

Quando um Rei impera,
Pela seiva viva que o legítima,
Nada é imbatível,
Não há impossíveis!

Os obstáculos desaparecem
Pelo alento do Amor!
Todas as restrições
Podem ser contornadas!

Há um mundo infinito para explorar!

Todas as potencialidades
Do Sentir,
Tão intenso e extenso
Quanto o próprio Universo;
Tão sublime
E tão belo,
Quanto o nascer de todas as coisas;
Tão cruel
E fatídico,
Quanto as fímbrias de todas as tragédias gregas…

Sem fim
Aparentemente visível,
Sem fronteiras
Claramente determinadas,
Sem muros
Obviamente impeditivos
Das possíveis manipulações do Eu.

Isabel Rosete
Nos mais altos cumes das agrestes montanhas
Projecto a minha voz,
Bem... ao longe,
Num eco tremendo
Que por todos os lugares
Se espalha
Sem freios,
Sem percalços.

A Liberdade do Canto
Leva-se às entranhas da Terra
Ao coração dos Céus,
Às profundezas dos Oceanos.

Assim, solto o meu Grito
De estonteante Felicidade!
O Grito saudável da Loucura,
Da Razão exacerbada,
Da Consciência absoluta
Do Ser e do Não-Ser,
Mesmo que todas as verdades sejam ,
Naturalmente,
Relativas.

Isabel Rosete
Como odeio este Mundo
De sorrisos semi-cerrados
De olhares pardacentos
D escutas falsificadas
Pelo fanatismo retórico
Dos demagogos das estatísticas forjadas
Dos cínicos motes
Das aparências das aparências
Da arrogância das gentes
Snobes
Presas à enganosa cultura
Da ignorância mal-disfraçada.

Isabel Rosete
Esmago a Hipocrisia
Com um punho forte,
Qual peste negra e podre miséria
Das almas vis,
Das sanguessugas amaldiçoadas
Pela lúcida transparência,
Luminosa,
Das mentes pelo bom-senso embriagadas
Que, do Céu, recebem essa nobre missão:

- A Humanidade salvar do cadaveroso reino,
Dos olhares dissimulados e perversos,
Das falsas intenções de bondade e humanismo camuflados,
Apenas em nome da vã glória,
Do oportunismo fútil,
Barato,
Da incoerência dos raciocínios
Paradoxais;
Da maledicência das santas vozes
Que, em nome de Deus
(ou do Diabo),
Clamam a fraternidade.

Isabel Rosete
O sonho alimenta as Almas solitárias,
Arrasta os corações des-pedaçados
Para o Paraíso,
Tão perdido
Quanto desejado!

Esfuma a voz tenebrosa
Do desassombro,
As malhas das franjas entediantes,
De uma existência in-completa.

O sonho comanda as margens lastimosas
Do vil desassossego,
Ampara as des-ilusões do destino,
Implacável,
Cruel...
Sempre presente
Na sua ausência discreta.

O sonho eleva os ânimos
Na efervescência do prazer,
Efêmero,
Dos escassos momentos
De Felicidade
E de Glória.

Isabel Rosete
Sonho por entre as dunas desertas.
O desejo libidinal assoma,
O cheiro do Amor eleva-se
Nas mucosas ressequidas
Pela ausência da respiração orgástica.

O sonho e o desejo do sono...
O Eterno do prazer...
Já não têm par!

Mas, em uníssono se erguem.
Comovem a Alma,
O Espírito des-pertam,
Na ansiedade rara
De um amanhã mais terno.

Isabel Rosete