segunda-feira, 5 de abril de 2010

Primavera (s)
Cruzam-se os olhares,

Na paz perpétua

De um saudoso beijo.


Não há mais revolta.

Paira a serenidade,

A tranquilidade intranquila

De todos os desejos.

Tudo se move,

No seu ritmo certo,

Absolutamente certo.

O desfiladeiro,

Não apavora mais

Os olhares inquietos.


O mar,

Enrola-se na areia,

Ao som do canto das sereias.


Na paz dos Anjos,

Se acalentam as tempestades,

Fatigadas,

Do seu peregrinar.


Os segredos

Da vida e da morte,

Já não se ocultam mais.


Os corações despertos,

Estão aí,

Preparados para todos os re-começos.


Eleva-se,

A singela nudez

Dos corpos em comunhão,

A pura leveza

Dos olhares,

Que já não são pálidos,


O riso das crianças,

De olhos claros,

Que a alegria espalham

Por todos os lugares.


A Paz

Torna-se visível,

Perceptível,

Até para os vistos míopes.


O Amor permanece,

No seu devido lugar,

Mesmo que incerto.


A Felicidade regressa,

A todas as almas,

Outrora despedaçadas.


Cantamos,

Sem dor,

Todas as dores.

E o sofrimento torna-se leve.


Isabel Rosete

domingo, 4 de abril de 2010

Se a minha Alma falasse

Não se entenderia com a linguagem dos Homens,

Cegos e surdos,

Em veredas (des)amparados.



Pedaços de mim lançam-se por esse Mundo incógnito,

Soltos,

Completamente soltos

Como se o puzzle a que um dia pertenceram

Se tivesse desfeito, para sempre,

Na anarquia caótica dessas gentes que escondem

Os sorrisos de gratidão,

As lágrimas de felicidade,

Os aplausos, a um só ritmo,

Que não soam mais nos timbres da harmonia

Dos tambores da Paz e da Justiça

Que, outrora, me consolavam a Alma,

Viandante,

Que parte e fica num mesmo lugar,

Num outro e mesmo lugar qualquer,

Algures perdido na imensidão do Universo.



Ah, se encontrasse, um dia, esse meu topos,

Esse lugar natural que me foi destinado,

Esse espaço só do Tempo e só do Espaço,

Apenas para mim guardo,

Só para mim colhido e não para mais ninguém!



Mas a podridão dos sentires putrefactos

Sempre se eleva,

Sempre fala mais alto

Pelas aquelas vozes ignóbeis

Da maledicência propositada.



Isabel Rosete