segunda-feira, 2 de maio de 2011

Mergulho na neve branca da tua face tão serena, por Isabel Rosete


Mergulho na neve branca da tua face tão serena.
Assoma a paz, aquela tranquilidade única da quietude
Inebriante que antecede um doce e terno beijo.
Unem-se as bocas, depois os corações, depois
Os corpos que, lentamente, vão ficando ansiosos.
Assoma a paixão que nos distrai a alma,
Que nos adormece a mente liberta dos sentidos.
O corpo ergue-se em toda a sua pujança,
Vigoroso e hirto. Já não há serenidade. Só o arrepio
Da pele eriçada. Só o fogo genital. Só a respiração
Ofegante. Só os batimentos cardíacos acelerados
E descontinuados. Só as nuvens claras e esparsas.
Só o Sol de um brilho e calor instintivos. Só o
Cansaço e a exaustão prazerosa durante e depois
Do amor. Aí permanecemos quase prostrados, de
Corpos nus e suados, nos lençóis desajeitamente enrolados
De uma cama desfeita, prontos para iniciar mais
Um ciclo de dualidades emocionais quase perfeitas
Que a paixão consome.

IR, 09/02/2011

1 comentário:

ir disse...

A tua poesia é suave, fascinante, encantadora. A tua poesia tem paixão e por vezes também tem dedos. Tem suspiros, tem o mais belo dos silêncios. A tua poesia fala-nos num sussurro, que quase não tem voz, senão umas golfadas de respiração que sobre a superfície da nossa pele nos arrepiam e nos transcendem.
E assim, absorves-nos de palavras que completam os nossos sonhos, sentimos as tuas mãos, trementes sobre o nosso corpo - fundimo-nos. E além disso, ainda sobram estrelas: estrelas que não são mais que a tua alma que reconstrói um mundo novo e sublime, diante o nosso olhar.

Ivo Ribeiro