Aqui estamos nós,
Homens,
Um dia rotulados de “animais racionais”…
Supostamente
Pensantes…
Supostamente
Sensatos…
Prudentes
Previdentes…
Detentores
De um raciocínio lógico-discursivo…
Hipoteticamente
Emersos
No melhor dos mundos possíveis…
Afinal
O que queremos de nós,
Seres errantes?
O que queremos do Mundo
Que em torno de nós
Se desloca
A uma velocidade incomensurável?
Que intentos nos movem?
O que pretendemos?
Apagar
Essa aura de entes
Onde
Um dia
Fomos depositados
Sem que o nosso querer
Fosse chamado a opinar?
Varrer
Este modo de Existência
De caos e de ordem?
Abolir
Este estado
Epimetaico e prometaico
Que sempre nos caracteriza?
Remover
Os des-equilíbrios
De que somos co-autores
E co-produtos
Voluntária
Ou involuntariamente?
Perdemos o rumo
A direcção…
Não encontramos mais
O fio de Ariana
Que comanda o nosso Destino…
Destino?
Mas, que Destino?
O de sermos meros pedaços enredados
De uma humanidade enlaçada
Nas malhas da sua própria teia?
Ariana e a Aranha
Estão sobre a caução do mesmo invólucro
Tão opaco
Quanto transparente
Tão sublime
Quanto miserável…
Ainda podemos falar
Da harmonia heracliteana dos contrários?
Do caos criativo que
Gera a ordem desordenada?
Isabel Rosete
19/01/2001
17/02/08
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