Permaneço no silêncio fechado do Mar remoto,
Por onde se ergue a minha voz calada:
- Porque as Palavras já se esgotaram;
- Porque as Lágrimas já foram todas derramadas;
- Porque o Choro me trava a garganta;
- Porque a Vida já não me sorri;
- Porque a Morte já não me espera;
- Porque o efémero permanece
e o Eterno já não alcanço;
- Porque a Dor já não me deixa;
- Porque a Felicidade já não regressa;
- Porque o Destino já não me comanda;
- Porque o Espanto me fecha em mim;
- Porque as Águas já não me molham os pés
nem me consolam a alma;
- Porque o Sol já não brilha na sua mais pura claridade;
- Porque as Flores já não são coloridas;
- Porque Ares airosos já não flutuam em mim;
- Porque o Fogo já não me aquece;
- Porque a Tormenta me congela o cérebro;
- Porque o Mundo já não é mais redondo;
- Porque as Andorinhas já não voltam com a Primavera;
- Porque o Sonho já não se ergue
e as folhas, no Outono, teimam em cair secas e desfeitas;
- Porque o Silêncio já não desce do alto e Deus;
- Porque o Silêncio é imposto à minha voz calada
no suor e no sopro da Eternidade,
que clama o Infinito na purificação
da Unidade do Cosmos universal,
Que já não Ouço,
que já não Vejo,
que já não Sinto;
- Porque aqui estou no silêncio recolhido que me cobre
e já não me deixa boiar por entre as pedras roxas,
onde os Sons já não se propagam,
onde a Luz já não se acende,
onde a Carne já não vibra!
Isabel Rosete, Ílhavo, 2011
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