Escuto o martelar da água salgada nas rochas
Que habitam as praias solitárias,
Essas por onde passam, de sobrevôo,
As gaivotas e, por vezes,
Os homens em busca da quietude
Outrora perdida num manto de Rosas vermelhas,
Onde se entoam e ecoam todas as Paixões.
Os amantes, já exaustos, deambulam pelas areias
Movediças, autênticos palcos de muitos mundos,
Esses que imaginamos, mas ainda não vivemos
Onde arquitetam ou aniquilam as suas próprias moradas.
Uma linguagem incompreensível vocifera das suas bocas
Quentes, abrasadas, suadas pelos beijos trocados
Com o sabor amargo e doce da Vida não habitada
Em terreno firme e terno.
Ah, a Vida, o trampolim, a barra olímpica
Por onde caminhamos em perplexos des-equilíbrios
No correr solto dos ventos saltitantes
Que bolem as nossas pernas trôpegas,
Como se mal tivéssemos começado a andar!
Isabel Rosete
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