Meros farrapos
Nos tornámos,
Nós, os pretensos
Arautos da Razão.
Razão!?
O que é a Razão?
Não sabeis, pois não?
A palavra degenerou-se,
Gastou-se,
Transmutou-se para um outro,
Que jamais é o outro de si mesma.
Continuamos a carregar este rótulo,
O de sermos racionais,
Cada vez mais vazio,
Cada vez mais insano...
Não é Justiça que nos move,
Não é o Bom-Senso que nos determina,
Não é a Ética que nos rege!...
O que nos alimenta
Ou des-nutre,
Sobe o nome da Razão?
A demagogia e a retórica,
Degeneradas;
O poder e a ambição,
Des-medidas;
A intolerância e a discriminação,
Arrogantes,
Sem fundamento plausível.
É nisto, Homem,
Movido pelas escaldantes farpas do Demo,
Que te transformas-te,
Por conta própria.
Isabel Rosete
2 comentários:
Estava a descobrir uma imensa garra feminina, rasgando um horizonte não inócuo da existência, quando...Dúvidas temporais no verbo?
"É nisto, Homem,
Movido pelas escaldantes farpas do Demo,
Que te transformas-te,
Por conta própria."
Vou andando por aí... interessante!
Pobre Prometeu. O presente que deste ao homem demora a tomar sentido.
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