domingo, 7 de dezembro de 2008

Poesias/Pensamentos Dispersos,
Isabel Rosete

(09/01/08)

Não merecemos
As maravilhas da Criação.

Somos restos
De um Paraíso Perdido,
Sem glória.

Somos as mais efémeras criaturas
De um Mundo,
Que o sangue chora.

Movemos
Céus,
Terras
E mares.

Lançámos
As malhas de todas as redes
E a dignidade não conquistámos.

O sabor da vitória dos homens
É mesclado
Com o sangue dos inocentes.

Para paragens incógnitas
Foram atirados,
Jogados,
Lançados,
Sem solenidade.

Em espaços estilhaçados,
Foram depositados,
Sem identidade,
Sem nome,
Sem nada.

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O calor da lareira,
No frio do Inverno,
Uma dádiva de Prometeu,
Que aos homens o fogo doou.

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As árvores despidas,
Pelos ventos do Norte,
Acolhem as aves migratórias,
Que à Natureza doam,
Os mais nobres frutos,
De cada renascer.

A Terra abraça,
No seu doce leito,
As tenras crias,
Que suspiram pela liberdade,
Numa tarde de imensa alegria.

Os céus estrelados
Iluminam as almas dos amantes,
Calorosamente entrelaçadas.
Em silêncio permanecem.
Na harmonia musical
Sustentam
O ardor intenso
Dos seus corpos nus.
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Celebremos
As notes de Lua cheia,
Todos os equinócios,
Todos os solstícios,
Todas as dádivas da Terra.

Celebremos
As glórias merecidas,
As batalhas vencidas,
Nos verdes campos,
Aonde a morte
Não regressará jamais.

Celebremos
O Aberto,
O Cantar
E o Ante-cantar,
Serenamente protegido
Pela aura dos Anjos,
Belos e terríveis.
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Com asas grandiosas,
Se dirigem os Anjos,
Para o misterioso topos
Da génese Universal,
Para o espaço intra-estelar
Dos céus comovidos.

Vivamos
No mundo dos Anjos,
Nas suas alas,
Indeléveis,
Que a felicidade despertam.

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Amemos
As flores
De todas as formas,
De todas as cores,
De todos os cheiros.

Amemos
A ternura de todas as pétalas,
Aveludadas,
De doces texturas

Amemos
O fundo gravitacional,
Que tudo abriga.

Louvemos
Todos os espaços astrais,
De luzes incandescentes.

Louvemos
O brilho redondo
Da infinitude do Universo,
O som distante
Das órbitas planetárias,
A informe forma
Das nuvens brancas.

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Escrevo
Movida pela doçura de um beijo,
Pela meiguice indiscreta
Do olhar dos outros.

Escrevo
Por entre os comoventes
E silenciosos espaços
Das palavras,
Ditas e não ditas.

Escrevo
Ao som do grito
Universal do Pensamento,
Agitado pelos interstícios da Terra,
Rodopiante,
Em torno do seu próprio círculo,
Aberto,
Redondo....

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Entrevejo,
Ao longe,
A invisibilidade dos seres
Encerrados no seu próprio casulo,
Emaranhados
Nas mais finas teias,
Da esmagadora infinitude.

Antevejo,
À distância mais prósima,
Os caminhantes,
Doces e leves,
Em todos os caminhos paralelos,
Que a tragicidade existencial replicam.

Vivo
No Universo insólito
De um mundo sonhado,
Que da realidade terrena
Se afasta.

Ergo-me
Para os límpidos céus,
Para a harmonia musical
Das esferas sagradas,
Encobertas pela vil hipocrisia.

Afasto-me dos homens.
Paira a singeleza
Do cosmos dos Anjos,
Guardiões
Das consciências apoquentadas,
Auditores
Dos pensamentos inconscientes,
Mensageiros
Dos insondáveis segredos
Das mentes abnegadas.

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Se penso no Universo,
Penso
No louvor da Criação,
Nas dádivas
Da Natureza,
Na harmonia
Dos átomos e das moléculas,
No sangue
Que em todas as veias corre,
Na seiva
Que todas as almas vivifica.

Se penso no Universo,
Penso
No esplendor
De todos os sons,
Na beleza,
Conjugada,
De todas as cores,
Na serenidade,
Encantatória,
Dos olhares apaixonados,
Na marca,
Singela,
De cada individualidade.

Se penso no Universo
Penso
Na extraordinária beleza
Da diversidade,
No suculento sumo
De todos os futuros,
Ainda não apodrecidos,
Na enbriaguez
Da comunhão dos corpos,
Na libidinal textura
Dos instintos indiscretos.

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As rosas chamam-me...

Falam-me dos amores
Possíveis
E impossíveis,
Serenos
E inquietos.

Falam-me dos amores
Abençoados
E amaldiçoados,
Comprados
E vendidos.

Falam-me dos amores
Permitidos
E proibidos,
Dos que perpetuam a paz
E dos que a guerra provem.

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