O meu pensamento dita e as minhas mãos escrevem-no na transparência de cada palavra, na lucidez minuciosa de cada sílaba, na singela pureza de cada vogal, na sinceridade de cada consoante. Isabel Rosete
quarta-feira, 6 de maio de 2009
Pensamentos Dispersos
Por: Isabel Rosete
12/03/08
I.
A solidão das multidões não me apavora. Preservo a minha identidade.
II.
A Alma do Mundo espalha-se por cada um de nós. Mas, nem todos a reconhecem dentro de si.
III.
Há um Espírito errante que nos percorre,
Cobre as nossas faces desprotegidas,
Invade a nossa morada,
Nunca a salvo de qualquer perigo.
IV.
Por entre a seiva da Vida
Corre o esgoto,
Das mentes pálidas;
A podridão do horror,
O enfado do tédio,
A escuridão
Cega e surda,
Das franjas deixadas ela inveja.
V.
Despimo-nos do tédio,
Enfrentamos as multidões
Disseminadas,
Invisíveis,
Aos olhos maledicentes
Das bocas preservas.
Agoiros pronunciam,
Em nome do desespero,
Egoísta,
Que lhes corrói a alma.
VI.
Das Fontes,
Já não jorram mais
Águas cristalinas.
Dos mares,
Já não ecoam mais
Os cantos das sereias.
Das Estrelas,
Já não renasce mais
O brilho duradoiro
Da Terra,
Já não desponta mais
A fonte da Salvação.
Da Humanidade,
Já não eclode mais
O grito do perdão.
VII.
O grito das aves transmigratórias
Ensurdece
Os meus ouvidos.
Anunciam tempestade,
Morte,
Terror,
Guerra….
VIII.
Amamos a paz dos desertos,
Onde encontramos a tranquilidade.
Aí permanecemos,
Nessa espécie de refúgio do Mundo,
A salvo dos olhares alheios
Que nos penetram na alma,
A salvo das mãos dos outros,
Que nos apontam o dedo,
A salvo das mentes incriminatórias,
Que só vêem o visível,
A salvo dos espíritos perversos
Que a verdade atrofiam.
IX.
O mar que me deu a paz
É o mesmo que me revolta as entranhas,
Nas escuras noites de trovoada,
Que sob o meu tecto des-falecem.
X.
Caminho pelas areias infindas
Das praias abandonadas.
Nada se ouve.
Nada se sente.
O luar
Incandesce os meus olhos,
Míopes,
Perante a imensidão da linha do horizonte,
Que não vislumbro mais.
A minha alma esvaiu-se
Na solidão das marés,
Que vão e vêm,
Nunca se fixam
Nunca deixam os mesmos rastos,
Nunca permanecem
No mesmo lugar.
Trazem um tempo outro,
Anunciam outros espaços,
Outras vidas,
Encobertas
Pelas águas,
No seu incessante peregrinar.
XI.
O meu Mar salgado
Em açúcar transformou o seu sal.
Fala-nos de outros mundos
Onde reina a glória merecida,
Dos nobres feitos dos Homens.
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1 comentário:
querida, li seu texto Heidegger: A Arte como poesia essencial em que um povo diz o Ser.Me fale mais de você.
abraços
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