"LABIRINTOS", por Isabel Rosete
«A
pureza do sonho une-se com a candura da realidade,
Poupando os eternos Mistérios do Mundo,
Conversando os mais recônditos desígnios da
Natureza
Abraçada pelos Homens em toda a sua
dignidade.
Tudo se arrecada no mesmo lugar do eterno
retorno
De cada trilho da cerrada floresta imensa
- que já não é negra -
Nas encruzilhadas onde nem sempre se
bifurcam.
O amor pela Natureza desfaz os intermináveis
labirintos
Sem saída, onde já não repousa o touro de
Minos.
Só Ariadne continua como guia, desfiando o
seu vestido,
Apontando a direcção do caminho certo e
seguro.
A Humanidade está a salvo de qualquer perigo.
O princípio e o fim tocam-se na incorruptível
união
Do finito e do infinito dos diversos modos do
Ser
Se dar em órbitas perfeitas.
Os Homens comovem-se nesta fusão,
Celebrando e abrigando os hinos que se soltam
Por entre as montanhas mais próximas,
Quanto distantes no eco das vozes que os
chamam:
- O canto dos pássaros;
- O sussurro dos rios;
- O balbuciar das árvores
E das flores frescas da Primavera renovada.
Dá-se a Paz no silêncio da Música celeste.
O divino e o humano recolhem-se
No mesmo tempo e no mesmo espaço.
A Terra e o Céu tornam-se um só.
Os homens e os deuses co-habitam o mesmo
lugar.
Nasce a grande esfera concêntrica
Que ampara os Homens nas grandes paredes
De vidro transparente deste Universo
incógnito.
Afasta-se o Nada, o Vazio, que desterram
Os espíritos vagantes por paragens
longínquas,
Ainda não existentes, apenas sonhadas;
Presentifica-se o Ser, mostra-se o cheio
Da completude da Existência;
Ergue-se a Luz originária que nos ilumina,
Antes do Sol se pôr mais uma vez;
Reluz o Mar azul e verde em todos os seus
reflexos,
Ao longe, até onde a nossa vista alcança;
As águas funde-se com o horizonte em cores de
fogo aceso.»
Isabel
Rosete, Jardim Oudinot, Ílhavo, 17/08/2010
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